Parábola do Filho Pródigo
A Parábola do Filho Pródigo é uma das parábolas mais conhecidas entre os cristãos. Essa parábola está registrada apenas no Evangelho de Lucas 15:11-32.
No capítulo 15 de Lucas temos o registro de três parábolas de Jesus. Esse é o capítulo da ovelha desgarrada, da dracma perdida e do filho que se foi. Mas também esse é o capítulo da ovelha recuperada, da dracma encontrada e do filho que voltou. Mais ainda, este é o capítulo onde o pastor busca a ovelha, a mulher procura diligentemente sua moeda de prata e onde o pai aguarda pacientemente o retorno do filho.
São três parábolas: a Parábola da Dracma Perdida, a Parábola da Ovelha Perdida e a Parábola do Filho Pródigo, sendo que a última delas talvez seja a mais conhecida de todas as parábolas de Jesus.
O que significa “filho pródigo”?
A palavra “pródigo” originalmente transmite um sentido de “extravagância descuidada”, ou seja, na aplicação original o pródigo é aquele que age de uma forma extravagante, além dos limites.
É por isto que em nosso idioma o significado de pródigo pode ser tanto “esbanjador” e “gastador” como “generoso”, “magnânimo” e “abundante ao distribuir”.
Vale dizer que o título “Parábola do Filho Pródigo” não foi divinamente inspirado, ou seja, não consta no texto original do Evangelho de Lucas, sendo então atribuído a parábola tempos depois.
Talvez esse não seja o título mais apropriado, pois a parábola é muito mais sobre o pai do que sobre o filho. Por este motivo é que alguns pastores ao longo do tempo preferiram chamar essa parábola de “Parábola do Pai que Espera”, “Parábola do Pai Pródigo” ou “Amor Prodigo Para o Filho Pródigo”.
Contexto da Parábola do Filho Pródigo
Quando Jesus contou a Parábola do Filho Pródigo ele estava cercado por publicanos e pecadores que se reuniram para ouvi-lo. Os publicanos eram os cobradores de impostos, judeus que estavam a serviço do Império Romano, e estes eram vistos pelo povo como traidores que extorquiam os próprios irmãos.
Já os pecadores eram as pessoas moralmente marginalizadas e de má reputação na sociedade. Essas pessoas não possuíam um padrão de vida aprovado pelos religiosos da época, e, por isso, elas eram excluídas por eles.
Aos judeus era recomendado que evitassem ao máximo ter contato com essas duas classes de pessoas, sendo que os rabinos nem mesmo ensinavam tais pessoas.
No entanto, Jesus fazia diferente. Jesus contrariava aquela religiosidade hipócrita. Jesus não apenas tinha contato com aquelas pessoas, mas também comia com elas, e mais além, Ele as buscava. Foi assim com Mateus, um publicano escolhido para compor o grupo dos doze apóstolos.
Esse tipo de comportamento escandalizava os fariseus e os doutores da Lei. Eles ficavam indignados, e frequentemente questionavam Jesus acerca disto. O capítulo 15 do Evangelho de Lucas foi uma dessas ocasiões.
Os rabinos da época concordavam que Deus recebia o pecador arrependido, porém eles não compreendiam que é o próprio Deus quem busca tais pecadores.
Jesus respondeu àqueles religiosos contando três parábolas, entre elas a Parábola do Filho Pródigo. As três, inegavelmente transmitem uma mensagem central: o extraordinário amor de Deus pelos perdidos. Esse certamente é o ensinamento principal da Parábola do Filho Pródigo.
Explicação da Parábola do Filho Pródigo
A Parábola do Filho Pródigo é muito rica em detalhes, de forma que grandes sermões já foram pregados de perspectivas diferentes. Podemos usar essa parábola, por exemplo, para aprendermos sobre relacionamentos familiares, embora esse não seja o sentido principal dessa parábola.
Sempre digo que o segredo para interpretarmos as parábolas de Jesus é nos atentarmos a mensagem principal. Não precisamos atribuir significado a todos os elementos, mas devemos direcionar a nossa atenção para o que realmente Jesus estava ensinando.
A Parábola do Filho Pródigo fala de três personagens: o pai, o filho mais novo e o filho mais velho. Apesar de Jesus não ter nomeado especialmente cada um dos personagens na ocasião em que foi contada essa parábola, esses três personagens claramente tinham significados específicos: o pai representava Deus, o filho mais novo os publicanos e pecadores, e o filho mais velho os escribas e fariseus.
Porém, como toda a Palavra de Deus, o ensino presente na Parábola do Filho Pródigo rompe as barreiras do tempo. Ela é tão atual para nós hoje quanto foi há 2.000 anos.
Da mesma forma como aquelas pessoas puderam ver a si mesmos enquanto Jesus contava essa parábola, hoje nós também podemos nos identificar como se estivéssemos na frente de um espelho enquanto lemos essas palavras de Jesus.
Quando olhamos para o filho mais novo talvez podemos dizer: esse sou eu. Ou, quando olhamos para o filho mais velho, talvez também podemos dizer: acho que estou me comportando como ele.
É importante dizer que Jesus direcionou a Parábola do Filho Pródigo aos escribas e fariseus. É comum vermos essa parábola sendo usada apenas com ênfase no filho mais novo, e geralmente aplicada àqueles que deixaram a casa do Pai. Porém Jesus enfatiza muito mais o filho primogênito do que o mais novo, fazendo com que a própria parábola aponte especialmente para os religiosos.
A seguir, vamos meditar na exposição do texto bíblico que registra a Parábola do Filho Pródigo.
A atitude do filho mais novo
Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres (Lc 15:11,12).
O versículo 12 nos mostra que o filho mais novo tinha um plano. Ele queria sair de casa, pois estava cansado da vida no lar do pai. O filho mais novo se sentia preso e queria ser livre.
Então ele pediu a herança ao pai. Ele tinha direito a um terço da herança quando seu pai morresse, porém, ele não podia esperar. Essa atitude foi um completo desrespeito, ele não se importou com a vida do pai. Ele não quis saber se o pai contava com ele para ampará-lo na velhice. Seus planos eram mais importantes. Ele amava mais a si mesmo do que ao pai. Ele quebrou os mandamentos de Deus.
A divisão proposta pelo filho era muito complicada. Alguns estudiosos entendem que pela antecipação ele recebeu a nona parte ao invés de um terço a qual tinha direito. Bem, sobre isso nada sabemos, mas seja como for, o fato é que tal pedido gerou problemas.
Toda a propriedade precisava ser dividida. Uma parte considerável deveria ser vendida e liquidada. Essa era uma situação que afetava todo o lar, além de ser um insulto ao pai que nunca lhe deixou faltar nada.
Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente (Lc 15:13).
No versículo 13 encontramos o filho mais novo saindo de casa, saindo de sua terra, com liberdade e recurso para viajar o mundo. Ele poderia ir para a Ásia Menor ao norte, ao Egito e a África ao sul, ou Babilônia a leste e Grécia e Itália a oeste.
Não sabemos para onde ele foi. Só sabemos que foi para era um lugar distante. Ele se afastou o máximo que pôde da casa do pai.
Sua atitude foi completamente inconsequente. Ele juntou tudo o que tinha, não deixou nenhuma reserva na casa do pai para que se caso seu plano desse errado ele pudesse voltar dignamente. Esse filho mais novo viveu de forma dissoluta, da maneira que lhe parecia melhor.
A ruína do filho mais novo
Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade (Lc 15:14).
No versículo 14 temos notícias do início de sua ruína. Seus recursos acabaram, ele havia gastado tudo e começou a passar necessidades. O dinheiro acabou e a fome chegou.
Para piorar ele estava em terra estrangeira e ninguém podia socorrê-lo, não tinha mais amigo, não tinha mais status, não tinha mais herança. O desejo mundano é passageiro, é ilusão, ele leva embora a alegria, ele arruína a vida, ele traz solidão.
Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos (Lc 15:15).
O versículo 15 nos mostra a humilhação a qual o filho mais novo foi submetido. Para sobreviver ele foi cuidar de porcos. Devemos nos lembrar de que ele era um judeu, e como tal não podia ter contato com porcos. Estes animais eram considerados imundos pela Lei (Lv 11:7).
Os rabinos consideravam as pessoas que cuidavam de porcos amaldiçoadas. Com isso percebemos que ele perdeu seus recursos, sua religião e consequentemente sua identidade.
Ali, ele desejava fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada (Lc 15:16).
No versículo 16 somos informados que ele sentiu tanta fome que desejou comer as lavagens que eram dadas aos porcos, porém o texto parece indicar que ele não chegou a comê-las. Entretanto, o “não comer” não representava alguma dignidade para ele, ao contrário, representava o castigo da fome.
A transformação do filho mais novo
Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! (Lc 15:17).
Já o versículo 17 nos mostra o momento de seu arrependimento. Lemos que ele “caiu em si”. No originou seria algo como “recobrou seu senso” ou “quando voltou a si mesmo”.
Nesse momento vemos que ele sentiu saudade de casa. Ele descobriu que os empregados temporários de seu pai eram mais dignos do que ele, de modo que tais empregados diaristas tinha o que comer, e ele morria de fome.
Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores (Lc 15:18,19).
Perceba que nos versículo 18 e 19 ele reconheceu o seu erro. Naquele momento ele soube que seu abandono foi precipitado, que sua decisão foi insensata.
Também entendeu que o que fez não foi apenas um erro, foi um pecado. Ele havia pecado contra Deus e contra o pai. Ele compreendeu quão ingrato ele havia sido, e sabia que não poderia mais ser chamado de filho, então queria ser um empregado temporário.
Nesse exato momento aquele filho mais novo já não era mais o mesmo rapaz inconsequente que saiu da casa do pai. Ele havia sido transformado.
Um pai pródigo para um filho pródigo
E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou (Lc 15:20).
No versículo 20 lemos que o pai avistou o filho que estava retornando. O pai nunca havia perdido o interesse no filho, e uma vez e outra sempre estava olhando o caminho à espera do dia que o filho voltaria.
O filho, quando partiu, achava que nunca mais voltaria ali, mas o pai tinha certeza de que um dia ele estaria de volta. Isso fica muito claro na reação do pai.
O texto bíblico diz que o pai se compadeceu profundamente. Ele correu para o filho. Naquela época um ancião não podia correr, isso era indigno, mas o pai não se importou com a humilhação, o que importava era o filho a quem ele estava buscando no caminho.
O pai o abraçou, não olhando para as condições em que seu filho estava se aproximando. O filho estava rasgado, descalço, era a personificação da miséria, mas o pai só olhou o arrependimento, e o acolheu em seus braços.
O pai também o beijou repetidas vezes. Perceba que ele se compadeceu, correu, abraçou e beijou, antes de dizer uma única palavra. Que amor maravilhoso. Que graça incompreensível.
E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho (Lc 15:21).
No versículo 21 vemos que o filho começa a fazer o discurso que havia ensaiado. Ele reconheceu o seu pecado, reconheceu a sua miséria, reconheceu que não tinha mérito algum e reconheceu que não era digno de ser chamado de filho. Porém, algo que realmente merece nossa atenção é o fato de que ele não conseguiu dizer “faz de mim um de seus empregados”. O pai nunca deixou que ele dissesse essas palavras.
O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos (Lc 15:22,23).
Nos versículos 22 e 23 temos o relato de como o pai o recebe de volta ao lar. O pai queria dar ao filho a importância que ele não merecia, mas seu amor de pai era imenso e inexplicável.
O pai lhe providencia roupa, símbolo de honra; anel, um símbolo de autoridade; sandália, um símbolo de que ele não era um escravo. Aquele filho era um homem livre, pois o amor de seu pai o libertou.
O pai também manda preparar o bezerro cevado. Esse animal era um novilho guardado para ser usado somente na ocasião mais especial. Para o pai, haveria alguma ocasião mais especial do que esta?
Esses versículos nos revelam algo muito profundo. Aqui entendemos que o controle sempre esteve nas mãos do pai. Perceba que enquanto o filho estava vivendo dissolutamente o pai estava fazendo provisão para o filho que retornaria. Enquanto o filho estava esbanjando, o pai estava cevando o novilho, deixando a roupa, o anel e a sandália preparados para o momento do retorno.
Com isto, entendemos que a parábola, como um todo, aponta para a soberania de Deus, que busca ativamente pecadores desprezíveis que não estavam procurando por ele.
Porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se (Lc 15:24).
O versículo 24 possui um significado muito importante que infelizmente muitas pessoas não percebem. Note os contrastes: morto/vivo; perdido/achado.
A explicação dessas palavras é a seguinte: no sentido prático, o filho estava morto pois havia recebido toda sua parte da herança, não fazia mais parte da família. Ele também estava perdido, pois havia sido destruído em suas loucuras, e desperdiçado tudo o que lhe poderia sustentar durante a vida.
Porém há algo mais profundo. A palavra “morto” reflete o grau mais avançado de miséria e de decomposição. Morto não toma ação, não decide, não tem razão sobre si.
Aquele filho estava morto e perdido, ou seja, ele estava no mais profundo estado de desgraça. Porém há uma boa notícia, uma notícia que explica a reação do pai:
O apóstolo Paulo escrevendo aos Efésios, ensina que “Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2:1).
No mesmo Evangelho de Lucas, o próprio Jesus declara: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10).
O filho mais velho
Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo (Lc 15:25-28).
Entre os versículo 25 e 28 somos apresentados ao outro filho, o filho mais velho. Esse era o pródigo primogênito. Ele nunca se afastou do pai, mas também nunca esteve próximo; ele sempre teve todo o amor que precisava, mas sempre esbanjou o amor e a presença do pai.
Se o filho mais novo se perdeu saindo de casa, o filho mais velho se perdeu dentro de casa. Que coisa terrível, perdido dentro de casa.
Então mais uma vez o pai é quem saiu de casa para ir de encontro a um filho, desta vez foi encontrar o mais velho. Nas palavras do filho mais velho, vemos que ele encarava o relacionamento com o pai na base da recompensa.
Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado (Lc 15:29,30).
Ele tinha direito a dois terços de toda a herança, mas estava preocupado com um simples novilho. Ele era filho, mas se enxergava como um empregado. No original ele diz algo como: “estive trabalhando como escravo para ti”.
Ele também tentava se auto-justificar dizendo: “nunca desobedeci tuas ordens”. Ele não entendia que de um filho se espera mais do que simples obediência, ele não havia entendido que diante de um pai tão bondoso nada do que tinha feito poderia impressionar.
Ele só estava preocupado com as posses do pai, que, consequentemente, eram suas. Ele não amava o pai, apenas queria sua fortuna. Ele não se preocupou com a dor do pai quando ficou sem seu caçula, nem mesmo com o irmão que se foi, pois como mais velho ele poderia ter ido buscá-lo.
Esse filho estava mesmo preocupado era com a herança. Perceba que ele diz “esse teu filho”, ao invés de dizer “esse meu irmão”. Ele era um estranho dentro de casa.
Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado (Lc 15:31,32).
A resposta do pai nos versículos 31 e 32 estabelece um tremendo contraste. O pai se dirige a ele dizendo “meu filho”. No original grego a expressão utilizada aqui significa algo como “meu menino”, transmitindo um sentido mais afetuoso.
O pai também usa a expressão “esse seu irmão”, ou seja, o pai o coloca como membro da família, além de demonstrar que havia considerado como justo o filho mais novo.
Lições da Parábola do Filho Pródigo
Não apenas a Parábola do Filho Pródigo, mas todo o capítulo 15 de Lucas certamente aponta para o extraordinário amor de Deus.
Perceba a alegria do pastor que encontra a ovelha perdida (Lc 15:6,7), do contentamento da mulher que encontra a dracma perdida (Lc 15:9,10). Da mesma forma o pai, nessa Parábola do Filho Pródigo, se alegra com o retorno do filho (Lc 15:23,24, 32).
Claramente também podemos perceber uma intensificação na narrativa de Jesus. Primeiro ele fala da ovelha, depois da drácma e, finalmente, do filho.
Podemos aprender muitas coisas com esse ensino do Senhor. Aprendemos que o Pai busca, traz de volta e se alegra na conversão do pecador operada pelo Espírito.
Diante disto, é impossível não perguntarmos: Quem somos nós? Quão perdidos estávamos? Será que merecíamos esse cuidado tão pessoal do próprio Deus?
Tudo o que podemos dizer é que Ele nos ama. Ele faz uma festa por nossa causa, mas entenda que isso não é sobre nós, é inteiramente sobre Ele. Nunca poderíamos ir para casa do Pai sem um caminho que nos levasse até lá. Jesus é esse caminho (Jo 14:6).
Nessa parábola também somos convidados a refletir sobre qual tem sido a nossa posição para com os perdidos. Aqui temos uma importante lição. Diante dos perdidos, podemos assumir algumas atitudes diferentes: odiá-los, tratá-los com indiferença, recebê-los quando vierem até nós ou buscá-los.
Como seguidores de Cristo, cidadãos do reino de Deus, qual tem sido a nossa atitude? Estamos mais parecidos com Jesus ou com os fariseus e doutores da Lei?
Agora falando do nosso relacionamento com o Pai, como estamos nos comportando? Será que somos como o filho mais novo ou como o filho mais velho?
O filho mais novo apenas queria sua parte na herança, e a maneira que ele achou para conseguir isso foi sendo ruim, se afastando e indo embora. Já o filho mais velho também só estava interessado na herança, e a forma que ele achou para consegui-la foi sendo bom, obediente e ficando em casa.
Você percebe que ambos eram ruins? A ruína do filho mais novo foi sua precipitação, inconsequência, insensibilidade e desobediência. Já a ruína do filho mais velho foi seu comprometimento, sua obediência, seu bom serviço e sua sensibilidade superficial. O filho mais novo se afastou do pai por ser muito mal, enquanto o filho mais velho se afastou por ser muito bom.
Para concluir, é impossível não falarmos sobre o que ocorrem com os dois filhos. A parábola termina com o filho mais novo dentro de casa, participando da festa que o pai promoveu. Por outro lado, a parábola também termina sem mostrar o filho mais velho retornando à casa do pai para se alegrar com seu irmão que voltou.
Não temos nenhuma autorização para irmos além do que o texto bíblico diz. Especificamente na parábola não sabemos o que ocorreu com o filho mais velho, porém sabemos que esse filho era uma figura dos escribas e fariseus, os mesmos que acabaram crucificando Jesus (At 7:52).
Como o filho mais velho, esses religiosos tentavam se auto-justificar. Eles se achavam bons de mais, tão bons a ponto de praticamente entenderem que alguém como eles nunca poderia ser privado do paraíso.
Hoje, muitas pessoas se comportam como o filho mais velho. Elas não faltam nos cultos, são obedientes, oram, jejuam e fazem tudo o que podem. Porém nada é verdadeiro, tudo é por interesse, essas pessoas acham que suas boas obras seram capaz de salvá-los.
Essas pessoas cantam os nossos hinos, usam a nossa Bíblia, dizem ser um dos nossos e até chamam nosso Deus de Pai, mas são estranhos dentro de casa. Haverá um dia em que fatalmente ouvirão: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7:23).
Os filhos mais velhos não entendem nada sobre a graça de Deus. Eles não compreendem que tudo é pelo mérito de Cristo, e que não há nada em nós mesmos que possa nos credenciar a salvação.
Se Deus se alegra na presença de seus anjos por um pecador arrependido, se hoje temos morada na casa do Pai e se não estamos mais mortos e perdidos em nossos pecados e delitos, isso tudo é pela obra redentora de Cristo na cruz.
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