quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Jesus Acalma a Tempestade

Somente Aquele por meio do qual todo o Universo foi criado, é capaz de submeter ao seu poder as leis da natureza. Jesus pode acalmar a tempestade simplesmente porque Ele é Deus! Neste estudo bíblico iremos refletir sobre esse conhecido milagre de Jesus.

Quando Jesus acalmou a tempestade?

Jesus acalmou a tempestade quando seguia com os discípulos num barco com o objetivo de atravessar o Mar da Galileia. Antes, Jesus havia passado o dia ensinando as multidões que o seguiam, e curando muitos doentes no lado ocidental do mar.
Então no final da tarde Ele entrou num barco de pesca acompanhado de seus discípulos e lhes ordenou que partissem para o outro lado do lago. Naturalmente fadigado pelo dia exaustivo que havia enfrentado, Jesus rapidamente adormeceu na popa da embarcação.
Jesus e seus discípulos partiram para o outro lado do lago também em busca de um período de descanso. Na margem oposta do Mar da Galileia ficava Decápolis, uma área que os judeus evitavam frequentar. A maior parte da população daquela área era formada por gentios. Mas foi também ali, do outro lado do lago, em sua margem oriental, que um homem possesso de demônios precisou ser libertado (Lucas 8:26-39).

O cenário em que Jesus acalmou a tempestade

Enquanto Jesus dormia, seus discípulos conduziam a embarcação que rumava para o outro lado do Mar da Galileia. Como muitos dos discípulos eram pescadores de profissão, eles estavam completamente habituados àquelas águas. Isso indica que provavelmente houve uma mudança climática inesperada.
Na verdade as tempestades repentinas são características naquela região. O Mar da Galileia é um grande lago que mede cerca de 21 quilômetros de comprimento e 14 quilômetros de largura. O lago é cercado por montanhas e está aproximadamente a mais de 200 metros abaixo do nível do mar. Tudo isto favorece o acumulo de ar quente na superfície do lago. Durante o verão, a temperatura no lago passa facilmente dos trinta graus centígrados.
Então facilmente essa estufa de ar quente que paira sobre o lago se encontra com o ar gelado que vem das montanhas. É também ali que correm as águas do degelo do monte Hermom com sues três mil metros de altura.
O resultado desse choque térmico é a formação de tempestades repentinas e violentas. Em condições normais, as águas do Mar da Galileia são bastante calmas. Mas durante uma tempestade, as águas ficam perigosamente agitadas, com ondas que podem superar dois metros de altura. Inclusive, a disposição geográfica do local favorece até a formação de redemoinhos.
Tudo indica que esse era exatamente o cenário no momento em que Jesus acalmou a tempestade. O começo da noite já havia caído sobre eles e a violência da tempestade era tão grande que assustou até mesmo os discípulos de Jesus que eram experientes pescadores. Mesmo nos dias atuais as embarcações motorizadas evitam navegar no Mar da Galileia durante uma tempestade.

Jesus acalma a tempestade e revela sua soberania

Enquanto Jesus Cristo dormia tranquilamente sobre uma almofada na popa da pequena embarcação, os discípulos lutavam com seus remos e o leme na tentativa de fugir da tempestade. Mas o esforço daqueles homens era inútil e o perigo de naufrágio era real. As ondas eram tão grandes que cobriam o barco causando inundação a bordo.
O Mestre só despertou quando foi chamado por seus discípulos. Eles estavam realmente desesperados. Por isto eles perguntaram ao Senhor Jesus: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (Marcos 4:38).
Nessa mesma hora Jesus se levantou, repreendeu o vento e ordenou que o mar se acalmasse. Então imediatamente o vento cessou, a tempestade acalmou e as águas do mar ficaram absolutamente tranquilas.
Após acalmar a tempestade, Jesus perguntou aos seus discípulos por que eles tinham ficado com medo. Em seguida, Ele repreendeu a todos eles com o seguinte questionamento: “Onde está a fé de vocês?” (Lucas 8:25). Perplexos, atemorizados, aterrorizados e maravilhados com a soberania do Senhor Jesus, os discípulos só conseguiam perguntar uns aos outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:41).

Quem é este que até o vento e mar lhe obedecem?

O milagre em que Jesus acalmou a tempestade revela duas preciosas verdades sobre a pessoa de Cristo.
Em primeiro lugar, o episódio em que Jesus acalma a tempestade nos fala sobre sua completa humanidade. Jesus é plenamente homem! Algumas pessoas se perguntam se Jesus realmente estava dormindo na hora da tempestade.
Em algumas pregações há até quem se aventure dizer que Jesus estava apenas testando seus discípulos. Mas isto está errado! O texto é muito claro em dizer que Jesus estava dormindo. Já era tarde e seu corpo estava abatido com o cansaço de um dia movimentado.
O fato de que Jesus esteve dormindo enquanto a tempestade assolava a embarcação, revela sua humanidade. Sim! Ali estava o Cristo plenamente homem, o Verbo perfeitamente encarnado e sujeito a todas as limitações físicas comuns a qualquer ser humano. A fadiga tinha lhe abatido de tal forma que nem mesmo a tempestade foi capaz de lhe acordar do sono profundo.
Em segundo lugar, ao acalmar a tempestade Jesus revela ser genuinamente Deus. Se por um lado a plena humanidade de Cristo foi revelada no fato de Ele ter se cansado e dormido no barco, por outro lado sua plena divindade foi revelada quando Ele soberanamente acalmou a tempestade.
Podemos até imaginar o Mestre sendo despertado pelos gritos dos discípulos. Então com um semblante de sono comum a quem acabou de acordar, Ele olhou a tempestade ao seu redor e simplesmente disse: “Cala-te! Aquieta-te!” (Marcos 4:39). Ao som de sua voz a tempestade se tornou bonança. Tudo ficou tranquilo novamente.
Que homem é capaz de submeter a sua autoridade as forças da natureza? Daí vem a pergunta dos discípulos: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”. A resposta não pode ser outra a não ser: É o Cristo, o Filho de Deus! Sendo plenamente homem, Ele dormiu no barco; mas sendo plenamente Deus, Ele acalmou a tempestade.

Não devemos temer a tempestade

O milagre em que Jesus acalma a tempestade nos ensina que não devemos temer as tormentas da vida. Jesus não repreendeu os discípulos especificamente por terem sentido medo, mas por não terem demonstrado uma fé madura. O problema é que a falta de fé inevitavelmente nos conduz ao medo. Além disso, é muito comum sentir medo diante de uma tempestade.
Mas quanto olhamos para Jesus, percebemos que esse medo não faz qualquer sentido. Durante aquela tempestade os discípulos falharam em perceber que não havia nada a temer. O mar estava revolto e o vento soprava forte; mas Aquele que estendeu o firmamento e criou o mar e seus limites, estava humildemente repousando na popa da pequena embarcação que era sacudida pelas águas.
Os discípulos deviam saber que com Jesus no barco eles estavam sempre seguros. Ele é o Senhor do Universo. Ele controla todas as coisas de acordo com a sua vontade. Até mesmo as forças da natureza que aos olhos humanos parecem indomáveis são completamente subjulgadas pelo seu poder.
Quando Jesus acalmou a tempestade, Ele cumpriu as Escrituras. O salmista escreve que o Senhor é Aquele que controla o vento e as ondas. Ele faz cessar a tormenta e acalma a violência das águas. Ele livra das dificuldades aqueles que o clamam na angústia, levando-o ao seu porto desejado (Salmo 107:23-30).
Por isto não devemos temer diante das adversidades que sacodem nosso barco. Jesus nos fez uma promessa que estaria conosco até a consumação dos séculos (Mateus 28:20). Nunca podemos deixar que o medo nos faça esquecer que Jesus acalma a tempestade, seja qual for ela. Com ele em nosso barco, podemos repetir as palavras do rei Davi“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Salmo 23:4).

Jesus Anda Sobre as Águas

Um dos milagres mais emblemáticos registrados na Bíblia é aquele em que Jesus anda sobre as águas. Esse milagre foi registrado em três dos quatro Evangelhos (Mateus 14:22-33; Marcos 6:45-51; João 6:16-21). Ao andar sobre as águas, Jesus revelou de forma muito clara aos seus discípulos sua natureza Divina.
O texto do Evangelho de Mateus também destaca a atitude de Pedro diante desse grande milagre. Ao ver Jesus andando sobre o mar, Pedro pediu que pudesse ir ter com ele. Pedro andou sobre o mar por alguns instantes, mas logo depois começou a afundar. Vejamos neste estudo bíblico como tudo isto aconteceu.

Quando Jesus andou sobre as águas?

Jesus andou sobre as águas depois de um dia muito agitado. Ele havia alimentado uma multidão de cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. Maravilhadas com tudo o que havia acontecido, as pessoas queriam fazer de Jesus o rei dos judeus.
O povo pensava que o propósito do ministério messiânico de Jesus era terreno. As pessoas viam em Jesus um possível líder para conduzi-las a uma revolta contra Roma, e não conseguiam entender que na verdade Ele trouxe um reino espiritual.
Então Jesus tratou de se afastar da multidão para orar, e depois resolveu partir para outro lugar. Enquanto despedia aquele povo, Jesus mandou que seus discípulos atravessassem o Mar da Galileia rumo à cidade de Cafarnaum, talvez com uma parada no porto de Betsaida (João 6:17; cf. Marcos 6:45).
Provavelmente Jesus combinou com os discípulos que eles fossem adiante dele navegando pelo contorno da margem do Mar da Galileia até Betsaida. Ali Jesus se encontraria com eles para que juntos pudessem atravessar para o outro lado em direção à cidade de Cafarnaum.
O texto bíblico diz que após despedir a multidão, Jesus Cristo subiu sozinho a um monte para orar. Ali Ele permaneceu até anoitecer. A essa altura o barco dos discípulos estava sendo castigado pelas ondas porque o vento soprava contra ele (Mateus 14:24).
Muito provavelmente os discípulos se aproximaram do porto de Betsaida e ficaram aguardando Jesus. Mas tão logo um vento forte começou a soprar, afastando o barco dos discípulos da margem.

Jesus anda sobre o mar

O Mar da Galileia é um lago com aproximadamente vinte e um quilômetros de extensão. Sua largura máxima é de quatorze quilômetros. Acredita-se que no ponto em que os discípulos estavam a largura do lago alcançava facilmente 11 quilômetros. A Bíblia diz que o barco já estava no meio do mar por causa do vento (Marcos 6:47; cf. Mateus 14:24).
Naquela região é comum a formação de tempestades repentinas. O lago fica numa depressão muito abaixo do nível do mar, e é cercado por montanhas. Ali correntes de ar frio das montanhas se encontram com o ar quente que cobre o lago. Tudo isto faz com que ventanias levantem ondas de quase três metros de altura durante uma tempestade.
Bíblia Sagrada diz que Jesus viu os discípulos remando com dificuldade, afastados uns cinco quilômetros da margem (João 6:19; cf. Mateus 6:48). Os discípulos tiveram de enfrentar aquela situação por algumas horas. Parece que era início da noite quando o vento começou a levar o barco para o meio do mar, e Jesus chegou até o barco somente quando já era alta madrugada (Mateus 14:23-25).
O modo com que Jesus alcançou o barco dos discípulos foi extraordinário. Eles estavam remando contra a força do vento quase que numa tentativa inútil de controlar o barco. Então de repente eles viram alguém caminhando sobre o mar. A figura era indistinta e eles ficaram completamente apavorados.
Como alguém poderia andar sobre as águas como se estivesse pisando em terra seca?
Os discípulos até pensaram que fosse um fantasma e começaram a gritar de medo (Mateus 14:26). Mas logo Jesus lhes disse: “Sou eu! Não tenham medo!” (João 6:50). Então Jesus subiu no barco, o vento se acalmou, e eles chegaram em segurança no destino desejado.

Pedro anda sobre o mar

Somente o apóstolo Mateus registra a reação de Pedro ao saber que Jesus estava caminhado por cima das águas (Mateus 14:28-31). O discípulo vigoroso rapidamente pediu que seu Mestre permitisse que ele fosse ao seu encontro.
Pedro andou sobre as águas durante um tempo, mas logo afundou. É comum algumas pessoas criticarem o apóstolo Pedro por ele ter afundado nas águas. Aqui é preciso lembrar que Pedro não era nenhum incrédulo. Provavelmente nenhum de nós teria tido a atitude ousada de fé que Pedro teve. Facilmente teríamos permanecido no barco juntamente com os demais discípulos. Mas Pedro queria mais!
Na verdade Pedro andou sobre as águas como resultado de uma fé genuína em Cristo. Nem por um instante ele duvidou que a pessoa que estava andando sobre as águas era Jesus, e por isto pediu para ir ter com Ele.
Então enquanto Pedro manteve seu olhar firme em Jesus, ele pôde ter a experiência em sua própria vida do poder Divino sobre a natureza. Quando Pedro andou sobre as águas ele experimentou da forma mais literal possível a ação sobrenatural de Deus sobre a criação. Mas no exato momento em que ele desviou seu olhar de Jesus e se concentrou no vento e nas ondas ao seu redor, começou a afundar.
No entanto, Pedro não pediu que os discípulos que estavam no barco lhe jogassem algum apoio. Ele também não pensou em confiar em suas próprias habilidades para tentar escapar daquela situação difícil nadando. Pedro simplesmente clamou ao Senhor por socorro. Ele havia vacilado, mas não havia se esquecido de que em sua frente estava o único que podia lhe ajudar.
Prontamente Jesus estendeu a mão e o segurou. Amparado nos braço de Jesus, Pedro escutou a apropriada repreensão: “Homem de pequena fé, por que duvidastes?” (Mateus 14:31).

Por que Jesus andou sobre as águas?

Jesus andou sobre as águas para revelar aos seus discípulos sua plena divindade. Na verdade todos os milagres realizados por Jesus durante seu ministério terreno tinham como objetivo principal apontar para sua pessoa como sendo o verdadeiro Filho de Deus enviado ao mundo conforme prometido nas Escrituras.
Consequentemente, o milagre em que Jesus andou sobre as águas também serviu para fortalecer a fé dos discípulos. Eles deviam aprender que quando a fé está depositada em Cristo, o Filho de Deus, não há nada a temer. Mateus registra a reação dos discípulos em harmonia ao propósito principal desse milagre. Eles adoraram a Jesus dizendo: “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus” (Mateus 14:33).

Jesus andou sobre as águas porque Ele é Deus

Ao andar sobre as águas, Jesus revelou ser verdadeiramente Deus. Somente o Criador do Universo poderia desafiar as leis da natureza e andar por cima das águas.
Quando caminhou sobre o Mar da Galileia, Jesus não tomou conhecimento das leis da gravidade, da liquidez, da densidade dos corpos ou de qualquer outra lei que desafiasse o seu milagre. Ele simplesmente saiu da terra firme e continuou caminhando tranquilamente sobre as águas. Jesus demonstrou que as forças físicas são completamente submissas a Ele.
Em conexão a essa verdade, Jesus andou sobre as águas e mostrou ser Ele próprio o cumprimento das Escrituras. Quando Deus se manifestou a Moisés na sarça ardente, Ele lhe disse que seu nome é “Eu Sou” (Êxodo 3:14). Daí podemos entender o tamanho do significado que estava na saudação de Jesus ao dizer aos dizer aos discípulos amedrontados: “Sou eu (ou literalmente Eu sou). Não tenham medo!” (João 6:20). Saiba mais sobre os nomes de Deus.
Foi o Deus Trino quem abriu o Mar Vermelho e livrou a Israel dos egípcios (Êxodo 14). Foi Ele também quem abriu o Rio Jordão para que seus servos pudessem passar (Josué 3; 2 Reis 2).  certa vez respondeu que Deus é Aquele que “sozinho estende os céus, e anda sobre os altos do mar” (Jó 9:8).
Então quando Jesus andou sobre o mar, Ele deixou claro quem realmente Ele é. Por isto foi legitima a adoração dos discípulos. Eles estavam perplexos diante do verdadeiro Filho de Deus!

Jesus anda sobre as águas e nós devemos confiar nele

O milagre em que Jesus andou sobre as águas nos ensina algumas importantes lições. Em primeiro lugar, com esse milagre aprendemos a confiar no Senhor. Muitas vezes nós estamos no meio de uma tempestade, remando contra um vento forte, e uma sensação de abandono toma conta dos nossos corações.
Mas o nosso Deus é onisciente. Ele conhece todas as coisas. Mesmo que às vezes as trevas da noite tentem nos impedir de vê-lo, Ele continua com seus olhos sobre nós. Ele está acompanhando nossa embarcação do alto de um monte! No monte Sião celestial está o seu trono, de onde Ele governa todo o Universo (Hebreus 12:22,23; Apocalipse 14:1; 21:10).
Em segundo lugar, esse milagre nos ensina que Deus age no tempo oportuno de acordo com a sua vontade soberana. Os discípulos passaram horas remando contra o vento. Se fosse de acordo com a vontade deles, certamente Jesus teria chegado antes. Mas há o tempo certo para todas as coisas, e nada foge do seu propósito. Por mais que não compreendamos, o fim último de todas as coisas é a glória de Deus. Ele é o Senhor da história!
Em terceiro lugar, até mesmo uma tempestade tem a sua finalidade no plano soberano de Deus. Os discípulos precisavam aprender uma lição. Eles precisavam ter sua fé fortalecida no Senhor. Existem lições que só podem ser aprendidas em plena tempestade.
Porém, não importa se o vento forte porventura acabar nos levando para longe da margem. As águas do mar da vida não são um problema para Ele. No momento certo o nosso Redentor vem caminhando sobre as águas.
profeta Naum escreve que “o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade” (Naum 1:3). Podemos descansar na certeza de que as mais altas ondas, aquelas que algumas vezes até cobrem o nosso barco, sempre estarão debaixo dos pés do nosso Deus. Jesus anda sobre as águas em nossa direção, e nós devemos recebê-lo como o verdadeiro Filho de Deus, de quem somos completamente dependentes.

Estudo Bíblico de Gênesis 

Gênesis 1 apresenta Deus como o criador do cosmos. Um estudo bíblico de Gênesis 1 revela que esse capítulo não serve apenas como introdução do próprio livro, mas de toda a Escritura. Através de sua Palavra, Deus criou todas as coisas. É sobre essa doutrina que o restante de toda narrativa bíblica se desenvolve.

O início da criação (Gênesis 1:1-2)

escritor de Gênesis abre seu livro dizendo: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1). Esta é a primeira frase da Bíblia Sagrada, e não poderia ser mais apropriada. Qualquer pessoa que desejar saber quem é Deus, encontra uma reposta clara e direta já na primeira frase da Escritura: Deus é o criador do universo!
Ao dizer “no princípio criou Deus”, o texto bíblico também declara a eternidade de Deus. Quando Deus iniciou a obra da criação nem mesmo o tempo existia, por isso o autor bíblico se limita a dizer “no princípio”. Nesse princípio somente Deus existia, ou seja, somente Ele é eterno. Ele é de eternidade em eternidade (cf. Salmo 90:2; Provérbios 8:22-31).
O texto também destaca a imensidão da majestade do Criador. O substantivo masculino “Deus” traduz o hebraico Elohim. Essa palavra hebraica é uma das mais utilizadas no Antigo Testamento para se referir a Deus, e consiste numa forma plural que indica intensidade e plenitude. Saiba mais sobre o significado de Elohim.
Gênesis 1 começa mostrando que num primeiro momento a terra era sem forma e vazia. Isso significa que nesse estágio a terra, bem como o próprio universo organizado, era inabitável. Então o texto diz que o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Isso significa que o Espírito de Deus foi quem trouxe ordem ao caos e transformou a terra em um lugar apropriado para receber vida. A Bíblia diz claramente que a criação foi obra do Deus Trino (Gênesis 1:2,26; Salmos 33:6,9; 148:5; João 1:1-3; Colossenses 1:15-17; Hebreus 1:2; 11:3). Entenda o que é a Trindade.

Os dias da criação em Gênesis 1

Gênesis diz que Deus criou o mundo num total de seis dias e no sétimo descansou. Existe muita discussão acerca da natureza desses dias. Alguns pensam que os dias são simbólicos e representam eras. Outros pensam que os dias da criação foram literais. Há ainda aqueles que defendem que Gênesis 1 trata-se simplesmente de um mito que no fim transmite a moral de que existe um Criador.
Obviamente a última interpretação afronta a Escritura. Se entendermos que os primeiros capítulos de Gênesis são simplesmente folclóricos, não restará nenhuma base onde repousará as doutrinas da criação, do pecado e da redenção.
A interpretação que diz que os dias de Gênesis 1 são simbólicos também enfrenta problemas. Se reconhecermos que Gênesis 1 é uma narrativa histórica, não haverá outra possibilidade a não ser interpretar o texto como de fato ele é. Entenda melhor em quantos dias Deus criou o mundo.

A sequência da criação (Gênesis 1:3-33)

Gênesis 1 apresenta a sequência da ordem dos atos criativos de Deus em duas tríades de dias. Na primeira tríade Deus iniciou a criação e deu sua forma inicial básica. Ao dizer que no princípio Deus criou os céus e a terra, o escritor de Gênesis se refere ao universo organizado, o cosmos (cf. Gênesis 2:1-4; Deuteronômio 3:24; Isaías 65:17; Jeremias 23:24). Então Deus fez a separação da luz e das trevas e preparou a terra para abrigar vida, começando pela vegetação (dias 1, 2 e 3). Na segunda tríade Deus estabeleceu os luminares e povoou o habitat que estava pronto com peixes, aves, animais e seres humanos (dias 4, 5 e 6).
Embora Gênesis 1 não relate explicitamente, em algum momento dentro desse processo criativo os seres celestiais foram criados. A Bíblia não fornece detalhes acerca disto, apenas informa que Deus criou os seres angélicos (cf. Salmo 148:1-5; Neemias 9:6; Colossenses 1:16). Entenda melhor quem são os anjos.
É interessante notar que em Gênesis 1 cada dia criativo segue um padrão. O autor bíblico inicia cada dia da criação com a seguinte declaração: “Disse Deus […]”. Com isso ele enfatiza ainda que Deus criou todas as coisas por meio de sua Palavra. Na sequência o escritor mostra cada uma das ordens de Deus: “Haja […]”. Depois o escritor mostra o resultado da ordem divina: “E assim se fez […]”; e revela o contentamento do Criador: “E viu Deus que isso era bom”.
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Algumas aplicações do estudo de Gênesis 1

Gênesis 1 nos ensina muitas coisas. Vejamos algumas aplicações importantes do estudo de Gênesis 1:
  • Deus é o único Criador. O universo não foi criado como resultado do acaso, mas como obra do eterno e soberano Deus. A Bíblia afirma que Deus criou o universo a partir do nada, mas não explica como Ele fez isto. Neste ponto há muito mais do que podemos entender; são mistérios que estão além de nossa capacidade de compreensão. Saiba o que a Bíblia diz sobre a criação do mundo.
  • Deus não está sujeito às leis do tempo e do espaço. O tempo e o espaço fazem parte da ordem criada. Por isto sua forma de agir fora do espaço e do tempo é completamente incompreensível para nós.
  • Diferentemente de mitologias e folclores antigos acerca da criação, a Bíblia revela que não precisou de nenhum esforço da parte de Deus para criar todas as coisas. Ele é tão poderoso e suficiente em si mesmo que uma única ordem de sua boca vence o caos, cria limites e traz a existência a vida. A obra da criação ocorreu de acordo com a expressão da vontade de Deus através de sua Palavra. Em cada dia da criação Deus simplesmente deu a ordem: “Que haja […]”.
  • Deus não é o autor do mal. Gênesis 1 deixa muito claro que tudo o que Deus criou era bom. Isso significa que o mal moral não teve origem em Deus (Tiago 1:13). Esse mal iniciou entre as criaturas de Deus que foram dotadas de pessoalidade, intelectualidade e responsabilidade moral. Saiba mais sobre a origem do pecado.
  • Deus não apenas criou todas as coisas, mas é o sustentador de todas elas. A ordem do cosmos não é autossuficiente. Apenas o Criador é! Sem a sustentação Divina, toda vida cessaria e tudo que existe deixaria de existir. Falando da atividade sustentadora de Deus, o apóstolo Paulo diz que “nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17:28; cf. Colossenses 1:17; Hebreus 1:3).
  • O estudo de Gênesis 1 também revela que como Criador, Deus deve ser adorado por suas criaturas. Suas obras devem ser proclamas e seu nome exaltado (Salmos 104).

Estudo Bíblico de Gênesis 2

O estudo bíblico de Gênesis 2 enfoca, principalmente, a formação e o início da vida humana no mundo criado por Deus. Esse capítulo introduz o tema da história dos céus e da terra. Além disso, Gênesis 2 também serve de preparação para o relato da provação e queda do homem (Gênesis 3:1-24).
Gênesis 2 contém o registro de um período muito remoto da história da humanidade. Nesse tempo o primeiro casal ainda habitava o Jardim do Éden; o pecado ainda não havia contaminado a natureza humana. Então, de início, alguém pode perguntar: Como o escritor de Gênesis teve conhecimento desse relato, já que os seres humanos ainda não existiam em parte dele?
É claro que a única explicação para isto é considerar que Moisés recebeu essa revelação diretamente do próprio Deus. É por isto que o escritor de Hebreus diz que é pela fé que entendemos que o mundo foi formado pela Palavra de Deus (Hebreus 11:3). Portanto, a genuína fé é essencial para o correto estudo de Gênesis 2 e de toda a Bíblia Sagrada.

Deus concluiu a criação (Gênesis 2:1-3)

Os três primeiros versículos de Gênesis 2 fazem parte de uma continuação natural do capítulo 1. Esses versículos declaram que toda obra da criação foi concluída por Deus; e que no sétimo dia Ele descansou de tudo o que fizera.
Há uma ênfase muito grande nesses versículos acerca do término da criação. Quatro vezes o autor bíblico faz questão de afirmar que Deus concluiu toda sua obra. Isso significa que todos os processos que ocorrem no universo não implicam numa continuação da criação, mas na verdade de que Deus sustenta continuamente a criação que está completa (cf. Hebreus 1:3).
Também é importante entender que a afirmação de que Deus descansou no sétimo dia não significa que Ele estava cansado. Essa afirmação é mais um indicativo de que de fato Deus terminou completamente o seu trabalho da criação do mundo. Além disso, ao descansar no sétimo dia Deus estabeleceu um padrão para o ciclo de trabalho do homem, mostrando a necessidade do descanso.

A formação do homem (Gênesis 2:4-7)

Esses versículos do capítulo 2 de Gênesis expressam de forma muito mais detalhada a criação do homem e da mulher em relação ao capítulo 1 de Gênesis. É como um relato expandido acerca do que ocorreu no sexto dia da criação e a partir dele (Gênesis 1:24-31). Por isto o escritor de Gênesis diz: “Está é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou” (Gênesis 2:4).
É interessante notar a forma com que o escritor se refere a Deus nesse versículo. Ele escreve “Senhor Deus”. No original o que se se tem são os termos YHWH, o nome pessoal de Deus na aliança, e Elohim, um termo muito utilizado no Antigo Testamento para designar Deus como o soberano criador. A combinação desses nomes mostra que o Criador de todas as coisas é também o Deus da aliança com Israel (Êxodo 3:14,15). Saiba mais sobre os nomes de Deus.
Em Gênesis 2 o escritor retrata Deus como um mestre artesão no processo de criação de sua obra de arte a qual Ele dá vida. Assim, ele diz que Deus formou o homem do pó da terra e soprou nas narinas o fôlego de vida. A expressão “soprou” é uma figura de linguagem que representa a atividade criadora do Espírito de Deus. Como resultado, o homem passou a ser “alma vivente” (Gênesis 2:7).
Esse versículo também derruba qualquer tentativa de conciliar a teoria da evolução com o criacionismo bíblico. Gênesis 2:7 diz que o homem passou a ser “alma vivente”. Perceba que o texto não diz que um ser vivente se tornou homem. Não houve um processo de evolução. O texto bíblico claramente afirma que o homem não é formado de vida preexistente. Além disso, distintamente de todas as outras criaturas, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26).

A formação da mulher e a vida no jardim (Gênesis 2:8-25)

Em seguida o texto bíblico de Gênesis 2 diz que Deus plantou um jardim no Éden e pôs nele o homem. Esse jardim contava com tudo o que o homem necessitava para ter uma vida feliz e de plena comunhão com Deus. Saiba mais sobre como era o Jardim do Éden.
Mais uma vez o escritor utiliza a repetição “Senhor Deus” (Gênesis 2:8). Isso está totalmente em harmonia com o que vem a seguir. Foi naquele paradisíaco jardim que o homem foi colocado em prova. Deus testou a obediência do homem em suas obrigações pactuais. Nesse contexto duas árvores aparecem no centro desse teste. A primeira era a árvore da vida. A segunda era a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Gênesis 2:18 enfoca diretamente a criação da mulher. Atualmente algumas teorias baseadas em antigos folclores judaicos tentam dizer que a mulher de Gênesis 2:18 não é a mesma de Gênesis 1:27. Mas obviamente essas teorias não encontram nenhuma base na Palavra de Deus.
Gênesis 2:18 mostra, simplesmente, o processo de criação da mulher de um modo mais detalhado. Esse versículo revela que inicialmente, ainda no sexto dia da criação, havia uma deficiência no estado de vida do homem: faltava-lhe uma auxiliadora. Isso significa que sem a mulher o homem estava incompleto e incapaz de cumprir a tarefa de multiplicar-se e exercer domínio sobre a terra (cf. 1 Coríntios 11:3-12; 1 Timóteo 2:10).
O homem foi criado primeiro, e biblicamente isto lhe confere a posição de líder social. Porém o termo “auxiliadora” não implica numa inferioridade da mulher, mas numa inadequação do homem.
Gênesis 2 termina com a dádiva do matrimônio. No capítulo 1 de Gênesis, ao falar da criação do homem e da mulher, o foco está em sua sexualidade expressando sua capacidade de procriação (Gênesis 1:26,27). Já em Gênesis 2:25 o foco está no relacionamento social. Marido e esposa devem construir seu próprio lar. Por isso “deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 2:24).

A Parábola do Grão de Mostarda

A Parábola do Grão de Mostarda pode ser encontrada nos Evangelhos de Mateus (13:31,32), Marcos (4:30-32) e Lucas (13:18,19). Esta parábola também é conhecida como Parábola da Semente de Mostarda. Abaixo, utilizamos o texto de Mateus:
Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo;
O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.
(Mateus 13:31,32)

Contexto da Parábola do Grão de Mostarda:

Mateus reuniu no capítulo 13, uma série de sete parábolas sobre o Reino, sendo elas: O Semeador, O Joio, A Semente de Mostarda, O Fermento, O Tesouro Escondido, A Pérola de Grande Preço e A Rede.
As quatro primeiras parábolas foram pronunciadas à multidão (Mt 13:1,2,36), e as três últimas foram acrescentadas particularmente aos discípulos após Jesus já ter se despedido da multidão (Mt 13:36). Logo, a Parábola do Grão de Mostarda foi contada à multidão.
Entre os textos de Mateus, Marcos e Lucas, poucas diferenças encontramos. Em Mateus e Lucas, o texto se refere a um homem plantando. Já em Marcos temos a descrição direta e especifica do momento do plantio. Em Mateus a semente é plantada no campo, em Marcos na terra, e em Lucas na horta. Lucas coloca ênfase no tamanho da planta já adulta, enquanto Mateus e Marcos enfatiza o contraste entre a pequena semente e o tamanho que a planta adulta atinge. Estas pequenas diferenças na narrativa, em nada alteram o sentido da parábola, ou seja, o ensino permanece o mesmo nos três Evangelhos.

Explicação da Parábola do Grão de Mostarda:

Antes de tudo é preciso saber que a Parábola do Grão de Mostarda e a Parábola do Fermento formam um par. Ao contar estas duas parábolas, Jesus estava falando a respeito do crescimento do reino dos céus. Enquanto a Parábola do Grão de Mostarda refere-se ao crescimento exterior do reino dos céus, a Parábola do Fermento refere-se ao crescimento exterior. Assim, para melhor entendimento, as duas parábolas não podem ser separadas.

Ainda antes de entramos na explicação da parábola, alguns expositores insistem em querer determinar o significado das “aves do céu” na presente parábola como sendo espíritos malignos que atrapalham a pregação do Evangelho, ao considerarem o versículo 19 do mesmo capítulo. Penso que isso seja uma perda de tempos, e creio que essa interpretação é completamente equivocada, pois destoa totalmente do ensino principal transmitido por Jesus nessa parábola. Quem defende esse tipo de interpretação, cai no erro básico de tentar atribuir significado a todos os elementos de uma parábola, entrando por um perigoso caminho da alegorização que distorce o verdadeiro ensino de Jesus. A aplicação mais coerente veremos a seguir.
Jesus fala de um homem que semeia em sua lavoura a semente de mostarda. Essa era uma situação comum e corriqueira naquela época. Dentre todas as sementes semeadas numa horta, a semente de mostarda era, geralmente, a menor de todas, porém, em seu estágio adulto, ela se tornava a maior das plantas da horta, atingindo o tamanho de uma árvore, com no mínimo três metros de altura, podendo alcançar até cinco metros. Essa planta se torna tão imponente que até mesmo as aves do céu se aninham em seus ramos. Principalmente no outono, quando os ramos estão mais consistentes, várias espécies de aves preferem a planta da mostarda para fazerem seus ninhos, pois, além de se protegerem das tempestades ou do calor do sol, elas encontram alimento nas pequenas sementes presentes nas vagens.
O que Jesus estava ensinando é que, da mesma forma com que o pequeno grão de mostarda aparentemente nunca atingirá tamanha robustez, o reino dos céus na terra, ainda que muitas vezes, principalmente em seu início, parecesse insignificante, ele certamente produziria grandes resultados.
Podemos classificar essa pequena história ilustrativa como uma profecia. Essa parábola possui grande semelhança com algumas passagens do Antigo Testamento, como Daniel 4:12 e Ezequiel 17:23. Na verdade, ao contar essa parábola, muito provavelmente, Jesus tinha em mente a passagem de Ezequiel, que traz uma parábola messiânica:
No monte alto de Israel o plantarei, e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente; e habitarão debaixo dele aves de toda plumagem, à sombra dos seus ramos habitarão.
(Ezequiel 17:23)
O ensino principal dessa parábola é descrever o começo humilde e pequeno do reino dos céus na terra, e mostrar que seu impacto grandioso estava garantido, tão certo quanto o crescimento da pequena semente de mostarda ao ser plantada. Isso faz todo sentido quando analisamos o ministério de Jesus e o início da pregação do Evangelho por seus discípulos.
Comparado com a população do Império Romano da época, ou até mesmo com apenas o número de pessoas que vivia na palestina, aos olhos humanos, o reino dos céus parecia insignificante. Os seguidores de Cristo eram um grupo de pessoas rudes, pescadores ou trabalhadores que ocupavam cargos sem expressão alguma. Eram “galileus”, quase um sinônimo de “caipiras” da época, pessoas sem muito prestigio. Esses seguidores acompanhavam um carpinteiro, desprezado e rejeitado entre os homens (Is 53:3). Diante dessas características, essa parábola de Jesus foi mais do que uma resposta, foi uma maravilhosa profecia para trazer alento. É como se Jesus estivesse dizendo: “Calma, fiquem tranquilos, tenham fé e perseverem, aos olhos de vocês até pode parecer impossível, mas saibam que os planos de Deus não fracassarão, e o reino crescerá e se tornará notável”.
Aquele pequeno grupo recebeu uma missão: pregar o Evangelho a toda criatura. Eles foram, e incendiaram o mundo com a Palavra de Salvação. Quarenta anos depois da ascensão de Cristo ao céu, o Evangelho já havia alcançado desde os grandes centros do Império Romano, até os lugares mais afastados. Ainda no primeiro século, a Igreja foi perseguida duramente pelo Império. Muitos cristãos foram mortos naquele período, e, aparentemente, aquele parecia ser o fim da Igreja, pois, que chances tinham um pequeno grupo de pessoas que anunciavam a ressurreição de um carpinteiro que havia sido crucificado anos antes, frente ao exército mais poderoso do mundo naquela época? A planta parecia que iria morrer, mas os propósitos de Deus nunca são frustrados, o Império Romano caiu, e a planta continuou crescendo, servindo de benção para homens de toda raça, tribo, língua e nação, que, como as aves do céu encontram abrigo nas grandes árvores, encontram também refúgio e descanso sob as sombras oferecidas pelo reino dos céus.
Ainda hoje essa planta cresce, e continuará a crescer, até que o último eleito seja selado, até que o último mártir tenha seu sangue derramado (Ap 6:11; 7:3), até que Cristo venha novamente, de forma gloriosa, para a grande colheita.

Lições da Parábola do Grão de Mostarda:

Pelo menos duas importantes lições podemos aplicar com base nessa pequena parábola:
  • Grandes resultados começam com pequenas iniciativas: muitas vezes pensamos em não fazer algo na obra de Deus por acreditar que aquilo não terá grande importância. Nessas horas devemos nos lembrar de que as maiores árvores crescem a partir de pequenas sementes. Um simples evangelismo no caminho para o trabalho, ou no domingo antes do culto, que, hoje, parece não ter dado resultado, pode ter sido o veículo que Deus usou para chamar, amanhã, um grande pregador do Evangelho. Particularmente conheço muitos casos assim.
  • A planta crescerá: às vezes, diante das dificuldades que nos confrontam, nossas ações parecem insignificantes. O evangelismo parece que não está dando resultado, a Escola Bíblica parece que não está sendo eficiente, o plantio da nova congregação parece que não irá para frente. Porém, a promessa feita é que a planta continuará crescendo, mesmo que nossos olhos não percebam. Por mais que somos bem-aventurados em participar e trabalhar na expansão do reino, o crescimento, de fato, quem dá é o próprio Deus (Mc 4:26-29).

A Parábola da Ovelha Perdida

A Parábola da Ovelha Perdida é uma das parábolas de Jesus registrada nos Evangelhos de Mateus (18:12-14) e Lucas (15:4-7). Neste estudo, usaremos o texto presente no Evangelho de Lucas, entretanto o texto do Evangelho de Mateus também pode ser usado.
Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la?
E achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso;
E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
(Lucas 15:4-7)

Contexto e explicação da Parábola da Ovelha Perdida

Como sabemos, essa parábola pode ser encontrada nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Basicamente, os dois relatos são idênticos, embora possamos classificar o texto presente no Evangelho de Mateus como sendo um paralelo abreviado comparado ao texto de Lucas. Analisando os textos de Mateus e Lucas, o contexto histórico claramente parece indicar que Jesus contou essa parábola duas vezes, em ocasiões diferentes e com propósitos diferentes, embora em suma, a mensagem permanece a mesma. Nos tópicos abaixo, analisaremos a aplicação da Parábola da Ovelha Perdida em ambos os Evangelhos.

A Parábola da Ovelha Perdida no Evangelho de Mateus

No Evangelho de Mateus, o contexto que prepara a introdução dessa parábola por Jesus é o fato de que Deus é um Pai amoroso que cuida de seu rebanho, colocando seus anjos e utilizando todos os meios necessários para fazer com que seus propósitos sejam concretizados. Em Mateus 18:1 os discípulos fazem a seguinte pergunta a Jesus: “Quem é o maior no reino dos céus?”. Para responder essa pergunta, Jesus colocou um menino no meio deles e disse: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3).
Nesse mesmo raciocínio, Jesus então os advertiu sobre a gravidade que há no fazer com que um “destes pequeninos” tropece, ou mesmo, em algum momento, porventura desprezá-los. Sob esse princípio, Jesus conta a Parábola da Ovelha Perdida enfatizando que não é da vontade do Pai que um só destes pequeninos se perca. Embora Jesus tenha usado literalmente uma criança nesse contexto, isso serviu como ilustração de uma verdade espiritual, ou seja, ao usar um menino, Jesus se refere àqueles cuja fé mantém a simplicidade das crianças. Diante desse propósito, a Parábola da Ovelha Perdida em Mateus nos ensina que Deus, como um pastor que cuida de suas ovelhas, também cuida daqueles que sãos seus, e, se algum se perder, Ele mesmo irá buscá-lo porque não quer que nenhum destes pequeninos se perca.

A Parábola da Ovelha Perdida no Evangelho de Lucas

No Evangelho de Lucas, o contexto nos mostra que Jesus foi cercado por publicanos e pecadores que havia se reunido para ouvi-lo. Os publicanos eram judeus que trabalhavam para o Império Romano como coletores de impostos.
O povo da época os considerava traidores que extorquiam os judeus. Aqui, os publicanos são mencionados juntamente com os “pecadores”, que eram todas as demais pessoas marginalizadas moralmente e de má reputação, que não viviam conforme as normas estabelecidas pelos rabinos, e que acabavam excluídos da sociedade da época pelos religiosos. O povo judeu era aconselhado a não ter qualquer contato com essas pessoas, e muito menos comer com elas.
Entretanto, Jesus frequentemente estava acompanhado dessas pessoas, comia com elas (Lc 5:27-29) e, inclusive, escolheu um coletor de impostos para ser um dos doze apóstolos. Tais coisas fazia com que os fariseus e os escribas se escandalizassem e murmurassem.
Eles não conseguiam enxergar o verdadeiro propósito pela qual o Filho de Deus veio ao mundo, a saber, buscar e salvar o perdido. Então, com o intuito de expor o comportamento reprovável e injusto dos religiosos, e ao mesmo tempo mais uma vez lhes oferecer a oportunidade de converter-se de tal perversidade, Jesus contou três parábolas: a Parábola da Ovelha Perdida, a Parábola da Dracma Perdida e a Parábola do Filho Pródigo.
Presenciar pastores apascentando ovelhas era algo corriqueiro e familiar naquela época. Então, uma prática extremamente comum, mais uma vez é utilizada por Jesus para transmitir os seus ensinos. Além dos ouvintes estarem habituados com a cena descrita por Jesus, vale também ressaltar que eles, principalmente os fariseus e os escribas, conheciam muito bem as passagens do Antigo Testamento que mostram Deus como o pastor de suas ovelhas (Sl 23:1; Is 40:11; Ez 34:15,16).
Jesus então pergunta: “Qual de vocês, se tiver cem ovelhas e tiver perdido uma delas, não vai em busca da ovelha perdida?” O que Jesus está ensinando nessa pergunta é que todo pastor bom e zeloso, buscará a ovelha perdida, mesmo que isso implique em deixar as outras 99 enquanto busca uma única que está desgarrada.
Nos versículos 5 e 6, Jesus mostra a alegria do pastor ao encontrar sua ovelha perdida. Ele reúne seus amigos e vizinhos para juntos festejarem. Esses dois versículos introduzem a lição principal da parábola presente no versículo 7, que demonstra a alegria que há no céu quando um pecador, ora perdido, é encontrado. Essa alegria é resultante da busca e do cuidado providencial do Bom Pastor. Sobre isso, no Evangelho de João Jesus nos mostra o tamanho desse cuidado:
Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
(João 10:11)
Também vale citar que, no versículo 7, existe um difícil debate entre os estudiosos (tal debate não se estende ao registro dessa parábola do Evangelho de Mateus). O tema desse debate é fundamentado na seguinte pergunta: Quem são as noventa e nove pessoas justas citadas por Jesus? Existem diferentes interpretações sobre esse tema, sendo que, a maioria delas, considero nem ao menos significativas para citarmos aqui. Logo, dentre todas, podemos selecionar duas que se apresentam com maior coerência:
  1. A primeira considera que esses “justos” são verdadeiramente “pessoas justas”, e que há alegria no céu por aqueles que fazem a vontade de Deus e procuram seguir seus mandamentos, mas, quando um pecador se arrepende, então a alegria é ainda maior, pois um filho perdido foi encontrado.
  2. A segunda interpretação considera que esses “justos” são “aparentemente justos”, ou seja, são pessoas justas a seus próprios olhos, que, logo, pensam não precisarem de arrependimento, afinal, se alguém se julga “justo”, este, não deve ter nada do que se arrepender.
Embora as duas interpretações sejam boas e demonstram verdades confirmadas pelas Escrituras, penso que a segunda interpretação é a mais correta no caso dessa parábola registrada no Evangelho de Lucas. Para que fique mais claro esse pensamento, basta considerarmos o contexto da própria parábola, onde Jesus estava junto dos “miseráveis pecadores” que o cercavam para ouvir suas palavras, enquanto os religiosos, que se orgulhavam de “cumprir” a Lei, portanto, se consideravam justos, murmuravam diante da atitude de Jesus. Diante desse aspecto, parece claro que Jesus está falando dos fariseus e dos escribas, juntamente com os que os seguem. Assim, os noventa e nove justos representam os murmuradores, que confiavam em suas próprias obras. Essa mesma condição também foi enfatizada por Jesus em outras ocasiões no mesmo Evangelho de Lucas:
E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos;
Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.
(Lucas 5:30-32)
E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros.
(Lucas 18:9)
De qualquer forma, seja qual for a interpretação adotada, o importante é entender que a ênfase, tanto em Mateus quanto em Lucas, está posta na ovelha que se perdeu, foi buscada, encontrada e celebrada. Em outras palavras, a lição de Jesus demonstra que se um pastor humano deixa as noventa e nove ovelhas para buscar uma única que se perdeu, o que se pode esperar então do Bom Pastor, que dá sua vida pelas ovelhas? Ele certamente buscará e resgatará o pecador perdido.

Lições da Parábola da Ovelha Perdida

Apesar de ficar clara a diferença de contexto e de pequenos detalhes na Parábola da Ovelha Perdida registrada nos dois Evangelhos, o ensino principal e as lições que podemos aplicar a partir dela são necessariamente iguais.
  • Um já faz falta: muitas vezes estamos acostumados a situações em que fatalmente pensamos que “um não faz falta”. Humanamente estamos propensos a olhar muito mais para as noventa e nove ovelhas do que para uma única que ficou desgarrada. Mas felizmente o Bom Pastor não age dessa maneira. Para Ele, uma única ovelha já faz falta, pois nenhuma de suas ovelhas poderá ficar definitivamente perdida (Jo 10:28).
  • O Pastor busca suas ovelhas: quem já viu alguma vez um rebanho de ovelhas e se atentou ao comportamento delas, sabe o quão limitadas elas são em todos os sentidos, e como são dependentes do pastor que as apascenta. É por isso que o pastor de ovelhas sempre está atento a qualquer problema que possa ocorrer com seu rebanho, para protegê-lo de qualquer imprevisto, visto que a ovelha em si, não possui qualquer condição de se virar sozinha. Da mesma forma Cristo, como um pastor, vai à procura do homem que é totalmente incapaz de fazer qualquer coisa por si mesmo. É o pastor que vai em busca da ovelha, e não a ovelha que vai em busca do pastor. Logo, em termos de salvação, Deus é quem vai em busca do homem, não o homem em busca de Deus. O homem por si só, mesmo pensando consigo possuir muitas habilidades e capacidades, não possui qualquer condição de encontrar o caminho para o aprisco da salvação. Sozinha, a ovelha perdida nunca teria sido encontrada. De igual modo, Deus encontra o pecador que está perdido no pecado e que sozinho nunca conseguirá escapar de cair no abismo. Os homens passam suas vidas buscando alento em muitas coisas. Alguns buscam em religiões, outros em bens materiais, outros em status e fama ou qualquer outra coisa que possa satisfazê-los. Porém, quando o pecador é resgatado de sua perdição e se sente acolhido nos braços do Bom Pastor, não resta outra coisa a ele a não ser admitir que não foi ele quem encontrou a Cristo, mas Cristo foi quem o encontrou.
  • Devemos aprender com Jesus: diante dos perdidos, podemos adotar diferentes atitudes. Podemos odiá-los, podemos ser indiferentes a eles, podemos recebê-los caso venham até nós, ou, finalmente, podemos buscá-los. Essa parábola também chama nossa atenção para não sermos como os fariseus e os escribas. Devemos nos doar pela tarefa de anunciar o Evangelho que encontra e restaura o perdido. Cristo não odiou os publicanos e os pecadores, nem mesmo foi indiferente a eles, ao contrário, ele fez mais até do que apenas recebê-los bem, na verdade, muitas vezes Ele mesmo é quem foi em busca destes (Lc 19:10; Mt 14:14; 18:12-14; Jo 10:16). E você? Qual tem sido sua atitude para com os perdidos?